Inexplicável!

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Na madrugada da última segunda-feira, 28 de novembro, todo amante do futebol, independentemente de paixão clubística, foi tomado por uma notícia trágica. Uma aeronave da empresa venezuelana Lamia, proveniente de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, caiu em Cerro Gordo, na Colômbia. Setenta e sete pessoas estavam a bordo, incluindo jornalistas e integrantes do time da Chapecoense, que iria a Medellín, na Colômbia, para disputar uma partida contra o Atlético Nacional pela final da Copa Sul-Americana 2016. A queda do avião vitimou 71 pessoas; seis sobreviveram à queda, e quatro que estavam relacionadas para viajar não embarcaram na aeronave. O acidente causou comoção no Brasil e em vários países do mundo.

No dia seguinte ao acidente, o velório das vítimas, entre elas jogadores, dirigentes, membros da comissão técnica e também jornalistas, foram homenageados no Estádio Atanásio Girardot, campo do Atlético Nacional onde a final da Copa Sul-Americana 2016 seria disputada. O time colombiano, prestou reverência às vítimas e ao futebol brasileiro, realizando uma bonita homenagem – nunca havia visto nada igual-  no estádio localizado na cidade de Medellín.

No sábado, os corpos das vítimas chegaram ao Brasil. E na Arena Condá, estádio da Chapecoense, foram recebidos em caixões e homenageados pelos torcedores. E tudo isso foi transmitido ao vivo, em rede nacional pela televisão aberta. Confesso que li algumas notícias a respeito, além de acompanhar algumas informações sobre o lamentável acidente na internet, e também por meio de amigos nas redes sociais.   Afinal, desde o início da última semana, não se falou em outro assunto nas páginas esportivas que não a queda deste avião. Sinceramente, tamanha comoção e dor que envolveu o acontecimento, que eu, covardemente ou não, quis me poupar e preferi não ver nada. Para mim, acompanhar tal funeral seria mais uma forma de reviver algo já tão sofrido. Por mais que o dever jornalístico diga o contrário.

Em relação ao acimente, é prudente que, antes de apontarmos culpados, sejam eles da direção do Clube, da Confederação Sul-Americana, da Companhia Aérea, dos controladores de voo, ou até mesmo da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), é preciso que se tenha ciência de que toda e qualquer viagem, seja ela marítima, terrestre ou aérea tem seus riscos. Nesse jogo o imponderável acabou entrando em campo, e 71 vidas foram perdidas.  Os culpados pelo acidente? Serão apontados e punidos após as investigações. Mas a meu ver, tal providência não trará as vidas que foram perdidas de volta ao mundo. Lamentavelmente. Que a caixa preta traga detalhes do que realmente aconteceu, que os culpados sejam punidos. Entretanto, as vidas perdidas jamais serão recuperadas.

Para ser bem sincero com os leitores do Jogo em Pauta, sua crônica esportiva on-line, é muito complicado escrever sobre esse lamentável acontecimento. Entretanto, nós jornalistas temos a obrigação de abordá-lo. De maneira séria, isenta, e principalmente, sem apelação e sensacionalismo barato em busca de pontos de audiência ou números de cliques e curtidas em nossas páginas. Afinal de contas, familiares, amigos, colegas de imprensa, jogadores, dirigentes e membros da tripulação do voo, não estão mais entre nós.  É claro que, respeitando a crença e a individualidade de qualquer pessoa, é importante que os entes queridos das vítimas, tenham discernimento e serenidade (não sei se tal atitude é possível neste momento) para aceitar e tentar compreender as razões de força maior que fizeram com que tal acidente acontecesse.  O momento é de dor e imenso pesar. E qualquer análise lógica a respeito do fato, nesse momento, pode ser prejudicada pelo quesito emoção, e até mesmo pela revolta.  E a emoção diante de tanta brutalidade inexplicável é mostrada tão somente por meio das hashtags mais utilizadas no momento, propícias para tal: #chapecoense #luto #tristeza#perplexidade #forcachape

Por Ivan Marconato para o site Jogo em Pauta (www.jogoempauta.com)

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Sobre o Autor

Formado em Educação Física e especializado em Jornalismo Esportivo. Editor e proprietário do Templo dos Esportes

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