Promessa brasileira do bobsled treina com campeã mundial

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Ao alcançar em 2018 a melhor campanha da própria história nos Jogos Olímpicos de Inverno, o bobsled brasileiro não se deu por satisfeito. Apesar de a marca ter ratificado a qualidade do time formado por Edson Bindilatti, Edson Martins, Odirlei Pessoni, Rafael Souza e Erick Vianna, a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) vem se preparando não apenas para melhorar resultados como também para formar uma nova safra de talentos da modalidade. O que requer planejamento em diversos aspectos.

Uma dessas etapas de planejamento consiste na captação de atletas. Sem pistas no território nacional, os profissionais da CBDG precisam atuar com “olho clínico”. Dessa forma, a missão está em encontrar atletas com virtudes do bobsled em outros esportes. Foi assim que surgiu, por exemplo, Edson Bindilatti, piloto brasileiro com quatro participações olímpicas. Ex-atleta do decatlo, o baiano migrou para o bobsled e tornou-se referência do país na modalidade.

Agora, são passos semelhantes que vêm sendo trilhados por Marley Linhares. Campeão sul-americano júnior no levantamento de peso, esporte que iniciou após ver pessoas praticando em uma praça de Viçosa-MG, sua cidade natal, o jovem de 20 anos ingressou no bobsled por uma sugestão de um ex-treinador. “Ele viu um anúncio da CBDG, que estava procurando atletas com meu perfil e com coragem de fazer bobsled para tentar vaga na Olimpíada da Juventude de Inverno. Aí, como não tinha conseguido na Olimpíada de Verão, no levantamento de peso, pensei: ‘por que não’? Enviei meu currículo, fui selecionado e quando vi eu tava lá descendo em um trenó a 100 km/h”, recorda.

Mesmo jovem, Marley já soma quatro anos de experiência no bobsled. Um tempo aproveitado seguindo justamente uma etapa essencial do planejamento após o descobrimento do talento: o treino. Apesar de já ter realizado escola de pilotagem, o atleta segue sendo lapidado pela Confederação. Tanto que passará cerca de três meses, de maio até metade de agosto, em Sheffield, na Inglaterra, para aprimorar as técnicas de pilotagem. Detalhe importante: com uma referência no assunto. “Este projeto na Inglaterra é mérito da evolução dele. Por isso foi convidado para treinar fisicamente e tecnicamente com a Nicola Minichiello, que foi campeã mundial 2-woman pela Inglaterra. A ideia, para a temporada que se inicia entre outubro e novembro, é que ele participe de provas no 2-man e 4-man”, afirma o presidente da CBDG, Matheus Figueiredo.

Por conta do verão, no entanto, engana-se quem pensa que os trabalhos de Marley são realizados nas congeladas pistas de bobsled. “O treinamento é excelente, bastante variado. Faço de corrida a levantamento de peso para o ganho de força, explosão e velocidade. Além disso, venho melhorando a técnica na minha corrida. Todos treinamentos estão sendo baseados na força que preciso para empurrar o trenó e na técnica necessária para o push. O treino está sendo na pista de atletismo”, comenta.

Futuro promissor

Com 19 anos de experiência no bobsled, Bindilatti enxerga um futuro promissor para a modalidade no Brasil. “Vejo com bons olhos. O Marley vem melhorando bastante. Teve bom desempenho no monobob (modalidade que estará nos Jogos de Inverno de 2022, mas apenas na categoria feminina) e foi top 10 nos Jogos da Juventude, em Lillehammer. Ele é concentrado, pilota bem, está fazendo preparação na Inglaterra, então tem tudo para evoluir”, comenta. “A gente sabe que um atleta só não ganha competição. Mas temos mais talentos, como o Erick (Vianna), que é novo, forte pra caramba, rápido e tem uma experiência legal no bobsled. Já foi para uma Olimpíada, vem se preparando muito bem e fisicamente está em perfeitas condições. Além disso, temos o Rafael (Souza). É um atleta novo, porém bem experiente. É o nosso breakman titular. Rápido, forte, potente e essencial para a equipe, principalmente no 4-man. Tem muita margem para evolução ainda e acredito que na próxima Olimpíada irá agregar ainda mais ao time brasileiro”, acrescenta.

O presidente da CBDG alerta ainda para uma outra safra de talentos dos desportos no gelo – ainda mais jovem. “Além disso, temos um time com quatro atletas no monobob e dois no skeleton com o qual buscaremos vaga nos Jogos Olímpicos da Juventude. Dentro disso, esperamos que esses jovens evoluam assim como o Marley, que é um exemplo prático de como pode se dar essa evolução”, afirma Figueiredo.

Por: MT90 – Marketing Esportivo

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Sobre o Autor

Formado em Educação Física e especializado em Jornalismo Esportivo. Editor e proprietário do Templo dos Esportes

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