Brasil Ladies Cup sub-20: competição é palco de grandes histórias de jovens atletas que superaram adversidades e se reencontraram no futebol

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Torneio, que reúne 16 equipes femininas de base, acontece entre os dias 23 e 31 de outubro no interior de São Paulo 

Na próxima segunda-feira (23), tem início o Brasil Ladies Cup sub-20, torneio de futebol feminino que visa a fomentação das categorias de base do esporte nacional. Com jogos que serão disputados em Águas de Lindoia, Lindoia, Amparo, Itapira, Araraquara e Novo Horizonte , a competição é cercada de grandes histórias de jovens jogadoras. 

Com 16 equipes divididas em quatro grupos, a primeira fase do Brasil Ladies Cup sub-20 terá a participação de São Paulo, Ferroviária, Grêmio, Santos, Atlético-MG, América-MG, Independente-SP, Avaí Kindermann, Criciúma, Aliança-GO, Red Bull Bragantino, Coritiba, Realidade Jovem-SP, ADFV/MG, São José e Minas Brasília-DF. 

Gravidez inesperada e volta aos gramados 

No grupo A da competição, a equipe do Criciúma conta em seu elenco com a atacante Ana Paula Reus Germano, de 21 anos. A atleta chegou ao Criciúma com 12 anos, e foi eleita a melhor jogadora dos Jogos Escolares Brasileiros (JEB’s). Após passar uma temporada no Iranduba, time do Amazonas, Paulinha retornou ao Criciúma, mas precisou fazer uma pausa em sua curta carreira quando descobriu estar grávida. 

“Eu engravidei na pandemia, quando as coisas estavam voltando aos poucos ao normal. Quando eu descobri que estava grávida foi um baque, para mim foi difícil”, conta Paulinha. 

Com todo o apoio e suporte do Tigre, Paula voltou aos gramados três meses depois do nascimento de seu filho. 

“Tanto no período da gestação quanto depois que o meu filho nasceu eu tive total suporte, tanto da técnica da equipe, tanto das minhas colegas, minhas parceiras de equipe, todo mundo. Quando eu voltei a treinar e voltei a jogar nas competições e nós precisamos viajar para competir meu filho ia junto comigo, eu tive total suporte quando ele ia nas viagens, as meninas me ajudam, a técnica ajuda, todas ajudam um pouco”, explica a atleta. 

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Reprodução: Arquivo Pessoal

“Fico muito feliz em voltar aos gramados, graças a Deus esse ano estou fazendo uma boa temporada. Para mim é uma felicidade poder jogar o Brasil Ladies Cup, porque é uma competição que trará oportunidades e visibilidade, então eu fico muito alegre em estar participando dessa competição”, conclui Paula. 

O Criciúma estreia no Brasil Ladies Cup sub-20 contra o Avaí Kindermann, na segunda-feira (23), às 21h. 

Lesões no joelho e o desejo de parar de jogar futebol 

A atacante Vitória Paim, do São José, representante do grupo D ao lado de Atlético-MG, América-MG e Minas Brasília-DF, iniciou sua jornada rumo ao sonho de se tornar uma jogadora de futebol em escolinhas de bairros. Em 2020, pouco antes da pandemia da Covid-19, Vitória teve a oportunidade de fazer um teste no São José. 

“Consegui passar no teste e prestes a começar o campeonato entrou a pandemia, ou seja, toda aquela ansiedade para disputar a competição foi abalada”, comentou a jogadora. 

Pouco tempo depois, já em 2021, com apenas 14 anos, Vitória sofreu sua primeira lesão: rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo no último treino antes do início da competição. Após todo processo de recuperação, já em 2022, na véspera do campeonato paulista sub-17, a atleta viu o filme se repetir ao romper o ligamento cruzado do joelho direito. 

“No momento em que eu me lesionei eu já tive a certeza do que era, e nesse momento eu perdi meu chão, não queria mais saber de voltar a jogar, quis renunciar a tudo”, pontua. 

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Reprodução: Arquivo Pessoal

Recuperada da segunda lesão, a atleta retornou aos gramados e agora disputará o Brasil Ladies Cup pela equipe do São José. 

“O amor pelo futebol foi maior do que o medo e traumas das lesões, e aqui estou, hoje em dia levo isso como fases, são processos, e felizmente consegui superar tudo. Não sei qual será o meu destino, mas quero ao menos poder marcar minha história em algum lugar, saber ouvir críticas e elogios e agregar de forma positiva na hora do jogo, saber de tudo que passei e em forma de agradecimento para o clube, comissão e minha família”, finaliza Vitória. 

O São José entra em campo na próxima segunda-feira (23), contra o América-MG, às 15h30. 

O sonho de se tornar uma jogadora profissional e ajudar a família 

Aline Pimentel, jogadora do Red Bull Bragantino, sempre teve um sonho: se tornar jogadora de futebol. Para isso, a jovem alagoana precisou abrir mão de algumas coisas. Com apenas 12 anos, a atleta saiu de casa e iniciou a caminhada rumo ao seu objetivo principal. 

“No começo, eu só queria jogar, ser uma grande jogadora e ajudar minha família. Eu sempre gostei de futebol, jogo desde nova com meus amigos, primos e tios. Minha vó sempre me apoiou. No começo, meu pai e minha mãe não gostaram muito da ideia. Queriam que eu fosse estudar. Depois eles viram que era isso que eu queria fazer, então começaram a me apoiar”, diz Aline. 

De Alagoas ela foi para o Rio Grande do Sul, onde jogou pelo Grêmio por um período. No início deste ano, Aline foi para o Red Bull Bragantino, onde assinou o seu primeiro vínculo profissional. O caminho, no entanto, não foi fácil. 

“Eu não ficava muito em casa. Eu chorava muito, não tínhamos muita condição financeira. Mas minha família e meus amigos se uniram para me ajudar. Eles me apoiaram e acreditaram que daria certo. Mesmo se não desse, eles queriam me ver feliz”. 

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Reprodução: Fernando Roberto/Red Bull Bragantino

Longe de casa e sozinha, Aline comenta que precisou passar por muitas dificuldades para chegar onde está hoje. “ Eu não tinha dinheiro para passagem, para ir ao treino, comprar chuteiras e material esportivo. Eu ficava muito longe de casa, na maioria das vezes sozinha. Meus pais não conseguiam me acompanhar. Eu pegava ônibus e ia treinar sozinha. Às vezes pegava carona. Tive dificuldade em lidar com muitas coisas. Eu era muito nova e não entendia algumas coisas. Tive dificuldades em me adaptar a alguns lugares, lidar com pessoas, aprender algumas coisas sobre futebol”, comenta. 

Prestes a estrear no Brasil Ladies Cup sub-20, a atleta diz que não se vê fazendo outra coisa, e espera que a competição lhe abra novas portas. 

“Se eu não for jogadora, eu não vou ser ninguém. Ser jogadora é meu único plano. É quem eu sou. Não existe outro plano. É jogar ou jogar. Sinto que estou no caminho certo. Ainda não cheguei onde eu quero, mas estou no caminho. Que o Ladies Cup seja mais uma porta, mais um passo. Estou muito feliz com tudo que já conquistei. Por tudo que já passei, sei que é uma grande vitória”, encerra Aline. 

Por: Ana Júlia Goulart – PressFC

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Sobre o Autor

Formado em Educação Física e especializado em Jornalismo Esportivo. Editor e proprietário do Templo dos Esportes

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